sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sol Sol

Ontem, depois que a Santa saiu pra trabalhar, fui apresentado pelo tio que despejava o jornal à minha nova vizinha de porta Solange. Sorria de ressaca e espumava vitamina de abacate pelas laterais.Saiu pra fora do corredor com meia coxa exposta num hobby rosa desconjuntado que falhou miseravelmente em cobrir o Himalaia quando ela agachou pra apanhar o jornal.

Era uma doce visão matinal. Depois do bom dia entrou na paralela da agonia... estava envolvida na administração de uma ONG feminista - junto com outros majestosos exemplares de "sem-pica" - tinha uma tatuagem borrada na virilha, fazia pilates e ensinava origami pra menores infratores. Me contava tudo.

- Só isso? - perguntei

Claro que não. Tinha muito mais. Me disse que pepinos fazem milagres contra olheiras, que dorme-se melhor com a cama na posição norte-sul e que... parei de ouvir. Nos pés cruzados vi que estavam um par de meias socadas, que nem sequer combinavam e que tinham a sinceridade de manchas e buracos. É sabido que meias não mentem. Foi nessa que Sol me ganhou. Foi isso. Com furias sedutoras de meias sujas que perdi as estribeiras, tranquei a porta e passei uma semana no olho mágico.

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