domingo, 21 de fevereiro de 2010

plin plin

Depois do luto obrigatório resolvir fazer alguma coisa pra me animar. Essa coisa de ficar sozinho é foda. Sem essa viadagem de "preciso de um tempo pra mim" ou "é hora de repensar a vida", ou qualquer outra crise de meia idade que soa como sugestão debilóide tirada do GNT.

(Quem diabos achou boa idéia colocar aquele bando de pelancuda falando de yoga, alimentação ayurvédica e circurgia estética? Merda de pseudo-ciência pré-geriatrica!).

Não estava pronto para a Sol e meu rebound-sex tava complicado. Não contava com o silêncio de Ritinha. Depois que ela casou com o japonês toxicomaníaco a gente quase não se falou mais. Não tava dando. Comecei a ligar pra quem quer que fosse, mas deu uma baita depressão. Pepeu, meu santo protetor, saiu de férias. Pra piorar todas acabavam tendo alguma vantagem pra contar. Até minha ex, Jaque-hipotálamo-de-ovelha, disse que tinha feito lipo, aparecido na caras e até conhecido um ex-big brother.

Estava, pelo menos, livre dentro da minha própria casa, sem ter a obrigação de fazer porra nenhuma. Sem ladainha e adereços. E isso, apesar de tudo, me fazia levantar da cama.

- Às chagas matinais! - gritava entusiasmado pro Fusca.

Era quando chegava o jornal. Dividíamos sempre, eu e meu roedor camarada. Os classificados iam pra mansãozinha que ele fez por merecer enquando eu abria o caderno com as mais recentes barbaridades. Fui percebendo devagar mas era exatamente disso que eu precisava. Dá sempre um puta alívio ver que tem gente que se fode de verdade. Sabe? Sempre tem um que te faz parar de reclamar. Um corajoso que alaga o próprio carro em enchente, mãe que esquece filho dentro carro, suicída incompetente que vira vegetal ao invés de presunto.

Sinceramente não entendo ladainha de telespectador do jornal nacional: "que horror!", "só se vê tragédia". Puta hipocrisia. A grande fantasia é saber que tem sempre um mais fudido. Então aceitemos a grandeza da imprensa nacional. Me sinto abençoadopor isso... pelo acordo que fazemos todos com o Bonner. No fim do dia era ele quem me dava esperança.

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